Capítulo 02: O Preço de uma Aposta
Se
roubar, não seja pego.
Vejo
que se interessou pela história de Katherine. É uma pena que nesse
momento a história terá que mudar um pouco a sua direção. Não
fique com raiva. Eu prometo que será um pequeno desvio, só desse
jeito poderemos prosseguir. Já disse para não ficar assim. Se
lembre que o destino sempre nos leva ao lugar certo, isso quando ele
está de bom humor. Quem sou eu? Estou triste. Se esqueceu de mim?
Não tem problema. Eu diria que sou apenas um espectador, mas você
saberia que não é verdade. De qualquer forma, já está na hora de
voltarmos para história.
Cidade
de Lumiose, 28 de setembro de 3016.
Lumiose,
a famosa cidade das luzes, ela é enorme e conhecida por possuir um
enorme monumento chamado de Torre Prisma. Muitos acham engraçado que
as pessoas comumente chamam Lumiose de a cidade das luzes, afinal, a
cidade ilumina apenas alguns lugares, diversos lugares ficam sem luz
ao anoitecer. Claro, se você é apenas um turista de passagem deve
achar que as famosas luzes de Lumiose iluminam tudo, mas isso esta
errado. Não estou dizendo que a cidade não possui seus méritos,
mas sim que não é como todos pensam. Claro que a escuridão também
pode trazer algo de bom, afinal, como existiriam o sistema de
apostas, se não existissem esses locais sem luz. É isso o que eu
estou fazendo aqui, jogando, apostando e ganhando…quer
dizer…tentando pelo menos.
Era
uma linda noite, as estrelas brilhavam, mas não no céu e sim na
terra, as incríveis luzes de Lumiose iluminava as ruas principais da
cidade, onde multidões de turistas vinham visitar. Mas como em toda
noite, sempre havia aqueles locais que ficavam sem luz, e era nesse
local que estava ele, um garoto de aparência jovem, devia esta por
volta dos 16 anos, vestia uma roupa preta assim como a cor de seus
olhos e fios de cabelo. Na sua roupa era possível perceber algumas
partes brancas e douradas. Ele estava jogando algum jogo de cartas,
apostava seu dinheiro na vitória. Várias pessoas ao redor assistiam
o momento, a maioria delas não eram turistas, viviam em sua maior
parte na rua, ou com sua gangue, as vezes conseguam dormir em um
hotel, mas muitos preferiam gastar seu preciso dinheiro com outras
coisas como comida, roupas ou até mesmo joias, só que poucos
conseguiam. O que mais se deseja ali era o dinheiro, isso que
importava naquele momento. O garoto jogava calmamente, diferente de
seus espectadores que estavam nervosos, pois apesar da aparência
frágil, aquele garoto carregava uma coisa incomum, que deixava a
maioria com medo, uma espada longa completamente preta.
É
verdade que alguns ali poderiam possuir armas, mas eram a grande
minoria, armas eram caras, e mesmo assim não ficavam a mostra como a
espada do jovem. Apesar da aflição que ficava no ar, o jogo seguiu
normalmente e acabou.
— Eu
ganhei. — anuciou o homem que estava jogando contra o garoto. Ele
era bem alto, devia ter quase dois metros, bem forte e de físico
meio quadrado, estava vestindo uma jaqueta preta com um lenço
vermelho pendurado em seu braço, seu cabelo era bem curto e negro,
já seus olhos eram cinzas escuros.
— Parabéns
Komaba, parece que eu realmente perdi. — falou o garoto sem
ressentimentos. — Aqui está seu dinheiro.
O
garoto colocou uma pequena sacola na mão do homem.
— O
jogo foi bom, mas infelizmente eu já tenho que ir. — alertou o
menino que já estava praticamente virando a esquina.
— Ei
espere! — gritou Komaba com raiva. — Esse saco está vazio.
— É
mesmo, acho que me confundir com isso. — sugeriu o garoto enquanto
mostrava uma carteira em suas mãos.
— Seu
pivete dos infernos! Quando foi que pegou a minha carteira? Me
devolva isso, agora!
— Na
verdade não fui eu que peguei sua carteira.
Algo
se movimentou nas sombras e derrubou Komaba com uma rasteira. O homem
caiu com força no chão, ele não entendeu o que aconteceu, mas
sabia que sua raiva só aumentava. Quando conseguiu se levantar o
garoto já correra, foi nesse momento que ele percebeu quem havia
pego sua carteira e quem havia o derrubado, escondido nas sombras um
Pokémon seguia o garoto, um Sneasel.
— Não
vai ficar assim, seu maldito! Você mexeu com a pessoa errada. Eu
faço parte da gangue Vermelha, e muitos aqui também, vamos te pegar
e te ensinar uma bela lição!
O
garoto sabia daquilo, o lenço vermelho pendurado em seu braço
denunciava o fato, mas ele não imaginava que tantas pessoas da
gangue vermelha fossem ajudar o Komaba a persegui-lo.
— Droga,
droga, droga. De quem foi essa ideia idiota, Sneasel? — berrou o
garoto para seu Pokémon enquanto corriam desesperados.
Você
deve estar imaginando que eu sou idiota por tentar roubar um cara de
três metros, que possui diversos companheiros que o ajudariam a me
capturar. É você está certo, eu sou idiota. Devia ter pensado que
escapar de uma das três maiores gangues de Lumiose, não seria
fácil. Alguns podem achar que não, mas gangues são algo bem comuns
em Lumiose. Existe um sistema bem organizados pelos sem luz, na
verdade há diversas gangues, mas a maioria delas está associada a
uma das três maiores, cada uma das gangues é representado por uma
cor. A Vermelha, que é a que nosso amigo, Komaba, participa. A
Verde, que me parece ser a mais misteriosa. E a Azul, que é a mais
calma. Também existem aqueles que participam da parte sem luz de
Lumiose, mas não possuem nenhuma gangue, ele são conhecidos como
No-ones e não possuem nenhuma cor. A maioria dos No-ones trabalham
sozinhos, alguns não possuem nenhum poder, mas outros são bem
famosos e conhecidos, alguns até mais poderosos e temidos do que os
lideres das três gangues. Claro que eu não faço parte de nenhum
grupo, se fizesse, não estaria fugindo de Komaba e seus companheiros
nesse momento… Ou talvez estaria… Não sou vidente pra saber.
A
perseguição continuava, o garoto corria por aqueles becos escuros
tentando chegar em alguma rua iluminada, mas não importava seu
esforço, ele não conseguia encontrar nem um feixe de luz. Ou se
perdia no caminho ou quando achava a saída alguém aparecia, o
forçando mudar a direção. Diversas pessoas estavam naqueles becos,
mas nenhuma se atrevia ajudá-lo. O garoto corria desesperadamente
com seu Pokémon, se esbarrando e tropeçando nas pessoas, foi então
quando olhou para trás para ver se o perseguiam se esbarrou com uma
garota, a derrubando e caindo em seu lado. O desespero do menino era
tão grande que nem se incomodou com o fato, se levantou rapidamente
e saiu correndo. A garota tentou reclamar, mas ele já havia corrido
para longe.
Já
não sabia para onde estava indo, foi quando entrou numa esquina
errada e percebeu-se num beco sem saída, assim que virou para fugir,
ouviu passos. Recuou, olhou para seu Sneasel e tirou a bainha de sua
espada, se preparando para lutar.
— Não
queria ter que usar isso. — comentou o menino encarando seu
Pokémon.
O
Sneasel rosnou, como se dissesse que aquilo não adiantaria.
— Eu
sei que isso não deve ajudar, afinal eles possuem armas de fogo….
E são muitos.
Mais
uma vez o Sneasel rosnou, dessa vez parecia dizer que era a culpa do
seu treinador.
— Eu
sei que é minha culpa, foi uma ideia bem idiota, mas eu só queria
ajudar de alguma forma. — Os passos ficaram mais altos. — Parece
que estão chegando.
Ajeitou
sua espada, preparando para atacar quem viessem, mas para sua
surpresa, quem apareceu não era nenhum Vermelho e sim a garota que
ele se esbarrara. Ele não tinha percebido até o momento, mas a ela
era muito linda. Com bonitos olhos vermelhos e cabelos da cor dos
vinhos mais caros, estava usando uma saia preta, com um sinto
dourado, onde estava presso um pequeno bastão branco. Vestia um
casaco preto, mas o que chamava mais a atenção do garoto, era que
ele estava aberto, revelando as belas curvas da garota, seus seios
estavam cobertos por faixas brancas, algo que chamava bastante
atenção, principalmente para aquele garoto, que tentou evitar
encará-los.
— O
que pensa que você está fazendo? Primeiro me derruba, sai correndo
e agora aponta uma espada para mim! — reclamou a garota.
— Me
desculpe, achava que era outra pessoa que estava vindo. — disse o
garoto enquanto guardava a espada.
A
garota era bem esperta e analisou a situação rapidamente.
— Quer
disser que alguém esta te perseguindo, quem?
— Ninguém
está me perseguindo. — tentou esconder o fato.
Passos
e gritos de raivas foram ouvidos pelos dois.
— Quer
dizer, que já que você não estar sendo perseguido, podemos sair
desse beco e descobrir o que está havendo lá fora. — chantageou a
garota.
— Está
certo, estou sendo perseguido, mas logo chegarão aqui, não tem nada
que eu possa fazer.
— Coloque
seu Pokémon na pokébola! — ordenou ela.
— Mas
por quê?
— Coloque!
Ele
a obedeceu, chamando seu Sneasel para sua pokébola. Os passos
estavam bastante altos, deviam virar a esquina a qualquer momento, o
garoto já desistira de fugir. Mas sem que percebesse, a garota o
empurrou para uma parede, enrolou seus braços no pescoço do garoto,
juntou seu abdome com o dele, fazendo seus seios se pressionarem no
corpo do rapaz.
— O
que você está fazendo? — reclamou o garoto enquanto corava.
— Cale
a boca. — mandou a garota. Talvez tivesse sido da cabeça do rapaz,
mas ela também parecia estar ficando vermelha.
Os
passos ficaram mais altos, foi então que para a surpresa do garoto,
a ruiva beijou-lhe em sua boca, ajeitando sua cabeça de uma forma
que fosse impossível ver o rosto de quem ela beijava. Quando os
Vermelhos viraram no beco, eles viram a cena, alguns ficaram meio
envergonhados e juntos resolveram dar a meia volta. Quando já não
podia mais ouvir os passos deles, a garota afastou seus lábios aos
do rapaz.
— Agora
você me deve uma. — falou ela.
— Te
dever uma? Por que você fez isso? — Apesar da pergunta, seu tom de
voz não parecia irritado.
— Para
salvar você. Funcionou, não foi?
— Sim,
mas não pressiva ter me beijado daquela forma.
Ele
corou a lembrar do momento.
— Vai
dizer que não gostou? — perguntou a ela sadicamente.
O
garoto ficou mais vermelho ainda, entregando a resposta.
— Você
não devia ter feito isso, não era assim que eu queria que fosse …
— Ele parou de falar por um momento, mas já era tarde, a garota já
tinha percebido.
Ela
riu e debochou:
— Quer
dizer que esse foi seu primeiro beijo, que patético.
— Não
me chame assim, e o seu não foi o primeiro também?
Ela
não esperava aquela retórica e então começou a gaguejar:
— Meeeu
primeeiro beeiiiijo, clarrro que não. Assuma a responsabilidade. —
A última parte foi dita extremamente rápida e bem baixo, sem que o
garoto conseguisse entender o que ela havia dito.
Ele
riu da ruiva envergonhada e resolveu se despedir-se:
— De
qualquer forma, obrigado.
Antes
que pudesse “fugir” a garota segurou sua mão.
— Posso
saber o porquê da Gangue Vermelha esta atrás de você?
— Bem,
digamos que eu roubei de um cara de três metros que não devia ter
roubado.
— Você
é idiota, por acaso?
— Mesmo
estando certo, não fale assim. — reclamou ele. — Agora, eu tenho
que arranjar um jeito de sair daqui e chegar em alguma parte
iluminada da cidade, só assim para ficar seguro. Mas a Gangue
Vermelha está por toda as partes.
A
garota sorriu maleficamente.
— Eu
posso te ajudar, eu sei como entrar e sair dos becos escuros sem que
ninguém perceba, mas eu quero um favor em troca e lembre-se que você
já me deve uma.
— Certo,
eu aceito. — respondeu o garoto rapidamente — Mas antes quero me
apresentar, me chamo Kuro Bretteur, qual seu nome?
— Por
que eu diria meu nome para você?
— Não
acha justo eu saber o nome da garota que tive meu primeiro beijo.
Ela
ficou vermelha e começou a gaguejar novamente:
— É
jusssto, me chaammo Awaki Musujime.
— Muito
bem Awaki, se sabe como sair daqui, me ajude, por favor, que eu
prometo que farei seu favor.
Vocês
devem estar pensando que eu realmente sou bem idiota, em prometer
algo que nem sei o que é, para uma garota que acabei de conhecer.
Como já disse, vocês tem razão, sou idiota. Awaki, como prometido,
conseguiu me levar para fora dos becos sem luz de Lumiose, mas não
imaginava que o preço pudesse ser tão caro.
— Você
quer que eu roube?
— Sim,
você disse que me faria um favor.
— Eu
não sabia que era roubar ninguém, principalmente da Gangue
Vermelha, que se você ainda não percebeu estão atrás de mim! —
berrou Kuro.
— Você
me prometeu, agora vai ter que fazer. — lembrou Awaki. —Não se
preocupe é apenas uma simples joia.
— Mas
como eu vou fazer isso? Você disse que a joia fica em uma das sedes
dos Vermelhos, como vou conseguir entrar lá e sair vivo!
— Se
não quiser fazer, não faça, mas então terei que te entregar para
os Vermelhos.
— Está
me chantageando? — questionou Kuro.
— Eu
prefiro dizer “negociando”. — argumentou Awaki.
— Está
bem, eu farei isso. Mas precisarei de ajuda, não faço a mínima
ideia de como invadir a sede da gangue.
— Kuro,
não se preocupe. Eu já tenho um plano, que vai nos ajudar a entrar
e sair sem nenhum problema. — sorriu a garota maleficamente.
…
A
sede da gangue ficava escondida em um dos becos sem luz, era um
pequeno prédio “abandonado” onde viviam alguns integrantes da
Gangue Vermelha. De alguma forma Awaki sabia o local e como
infiltrar-se pela ventilação de forma que ninguém percebesse. Com
suas instruções os dois conseguiram entrar sem grandes problemas,
mas o que mais preocupava Kuro era em como eles sairiam.
De
acordo com Awaki, a joia ficava no terceiro andar, em uma pequena
sala localizada no corredor da direita, onde dois guardas vigiavam o
local. Juntos conseguiram derrubar os guardas sem que ninguém
percebesse e entraram na sala, que diferente dos outros cômodos, era
limpa e bem-arrumada, tinha quadros ao seu redor e um tapete enorme
no chão que cobria quase a sala toda. Podia-se ver uma cadeira, uma
mesa e ao seu lado uma bancada que ficava coberta por um vidro e
dentro dela estava a joia que buscavam. Não era possível ver a
joia, mas sim uma caixa que Awaki jurava estar guardando ela. Os dois
se aproximaram do vidro que cobria a bancada, sem saber o que fazer,
Kuro indagou:
— E
agora, o que faremos? Esse vidro deve ativar algum alarme se mexermos
nele.
— Tenho
tudo planejado. — contou Awaki enquanto jogava um pokébola para o
alto.
A
aparência do Pokémon foi sendo formada aos poucos. Era um
quadrupede com pelagem branca e pele azul escura. Quando a forma
finalmente foi completada, Awaki ordenou:
— Absol
use Night Slash.
A
lâmina da cabeça do Absol começou a brilhar ficando roxa, com o
golpe já carregado ele arranhou o vidro, o destruindo completamente.
Ao ser destruído, um alarme foi ativado.
— O
que você fez? Agora vão nos pegar! — exclamou Kuro.
Awaki
abriu a caixa e conseguiu ver a joia, era colorida e tinha um símbolo
de DNA de
dupla hélice nela. Ela sorriu, olhou para Kuro e disse:
— Me
desculpe. — Deu um soco na barriga dele, o fazendo cair no chão.
— Agora você não me deve mais nada.
Quatro
homens entraram pela porta e viram os dois ladrões. Entenderam a
situação, e resolveram partir em direção deles. Awaki levantou
Kuro e o arremessou nos homens, com todos caídos, ela saiu da sala e
quebrou a janela com seu Absol, pulando do terceiro andar. Depois
daquele momento não podia mais saber o que tinha acontecido com
aquela garota. Um dos homens se levantou rapidamente para ver o que
tinha acontecido, mas já era tarde, Awaki tinha sumido.
— Aquela
era Awaki Musujime, a Gata do Desastre! Uma das No-ones mais famosas
de Lumiose. — exclamou um dos homens surpreso. Mas então a
preocupação veio. — Ela roubou o tesouro do chefe, estamos
ferrados.
— Não
tem problema, Komaba, que é o queridinho do chefe, estava atrás
desse garoto, se entregarmos a ele, talvez nos livramos dessa. —
sugeriu outro homem, que junto com os outros dois prendiam Kuro.
Sim,
eu devia ter prestado mais atenção nas pessoas de Lumiose, Awaki
tinha revelado seu nome, mas eu não sabia que era uma No-one famosa,
fui muito ingênuo. Devia ter fugido enquanto ainda havia tempo,
infelizmente, isto não era mais possível.
Kuro
estava preso em uma cadeira no térreo daquele prédio, algo em torno
de 10 homens ficavam ao seu redor o encarando, foi quando Komaba
apareceu.
— Parece
que o jogo virou.
— Que
nada, ainda tenho uma carta na manga. — ameaçou Kuro.
— Será
mesmo, tiramos sua espada, pokébolas, celular e pegamos minha
carteira de volta. Além do mais, estamos em maior número.
— Pode
até ser verdade, mas o jogo ainda não terminou.
— Acho
que temos que lhe ensinar algumas maneiras.
Komaba
estalou seus punhos, ajeitou seu corpo e socou Kuro no rosto. Saiu um
pouco de sangue da boca dele, surpreendentemente ele forçou um
sorriso.
— Essa
é a força do grande Komaba, estou decepcionado.
— Seu
pirralho maldito, não fique tirando uma comigo.
Komaba
preparou-se para dar outro soco, mas foi interrompido por um grande
barulho que veio de fora.
— O
que foi isso? — questionou Komaba.
— Eu
não disse? Eu ainda tinha uma carta na manga.
— Vão
descobrir o que está acontecendo. — ordenou Komaba.
Metade
dos homens o obedeceram, mas ao chegarem lá, gritos e explosões
foram ouvidos. Algum tempo se passou e ninguém que saiu retornou,
algo que deixava Komaba cada vez mais preocupado.
— O
que está acontecendo?
Começou
a ouvir passos e a cada segundo eles ficavam mais altos até o
momento que aquele que estava causando a confusão finalmente
apareceu.
— Você
demorou. — comentou Kuro.
— Você
devia me agradecer por limpar essa bagunça para você, irmão.
— Eu
sei, eu sei, mas me tire logo daqui, Shiro.
Shiro
era um jovem rapaz, devia ter por volta de 16 anos, assim como seu
irmão. Mas diferente do mesmo, que tinha uma aura escura envolta
dele, Shiro possuía uma aura clara, que realçava sua aparência.
Ele tinha cabelos castanhos bem claros, possuía olhos azuis
profundos que se olhassem por muito tempo se perderia neles. Além
disso, vestia uma camisa listrada cinza, com um casaco azul por cima,
carregava consigo uma pequena mochila de ombro.
— Quem
é você? O que fez aos meus companheiros? — indagou Komaba.
— Não
precisa ficar assim, não matei ninguém. — Shiro sorriu, foi um
sorriso bonito, mas, ao mesmo tempo, assustador.
— Peguem
ele! — gritou Komaba.
Cinco
homens correram em direção a Shiro, se preparando para socá-lo,
mas antes que pudessem perceber, atingiram uns aos outros. O garoto
de olhos azuis tinha sumido.
— O
que aconteceu? — questionou um dos homens.
— Estou
aqui em cima, seus retardados. — debochou Shiro.
Ele
estava voando, ao ver a cena os homens ficaram com medo e começaram
a gritar.
— O
que é isso?
— Não
pode ser!
Sem
paciência para os comentários, Shiro fez um gesto com a cabeça e
levantou a mão. Vários objetos daquele local começaram a flutuar,
assustando ainda mais os homens.
— Ele
só pode ser um monstro!
— Monstro?
Não me chamem assim, ficarei ofendido. — sorriu Shiro
maleficamente.
Ele
abaixou sua mão, ordenando que os objetos fossem arremessados em
cima dos homens, três foram pegos logo de cara, um tentou desviar,
mas mesmo conseguindo, o objeto trocou a direção e o acertou. O
último por tanto, desviou dos objetos várias vezes, mas antes que
pudesse fazer alguma coisa, o corpo de um de seus companheiros foi
arremessado em cima dele, assim o derrubando também. Komaba estava
assustado, mas aproveitou que Shiro se distraia com seus
subordinados, e pegou uma pistola, atirando nele. A mira foi
certeira, mas antes que a bala pudesse acertá-lo, ela parou no ar.
— Isso
foi meio perigoso. — comentou Shiro sorrindo de forma desajeitada.
— Saia
daqui, seu monstro! — berrou Komaba assustado enquanto preparava
para atirar mais uma vez, mas antes que pudesse atirar, foi acertado
por um raio que o nocauteou.
Quem
o acertara era uma Meowstic, possuía coloração branca, mas alguns
detalhes eram azul. Shiro pousou no chão, pegou os pertences de Kuro
que estavam com Komaba. Com a espada cortou as cordas que amaravam
seu irmão mais novo, por fim entregou os itens ao mesmo.
— Obrigado
Shiro, você me salvou.
— Não
precisa me agradecer, esse é o trabalho de um irmão mais velho. Mas
não se esqueça de agradecer a Meowstic também, ela que fez o
trabalho todo.
— Está
certo, obrigado Meowstic.
A
Meowstic sorriu.
— Tenho
que admitir usar o Psychic para fingir ter poderes
sobrenaturais e assustá-los foi genial. — Kuro admirou seu irmão.
— É,
mas na próxima vez tome mais cuidado, se você não tivesse me
ligado quando decidiu invadir aqui, não teria te encontrado. —
alertou Shiro.
— Vou
tomar, mas olhe o lado bom, agora temos o dinheiro que precisávamos.
— Isso
é verdade, mas da próxima vez, me obedeça e não faça nada de
estúpido.
Os
dois revistaram as carteiras daqueles homens juntando uma boa quantia
de notas altas. Com o dinheiro em mãos foram embora daquele local
que não queriam nunca mais voltar.
Vocês
devem estar se perguntando, o porquê de eu ter passado por tudo
aquilo apenas por dinheiro? Bem, a verdade é que o dinheiro não era
para nos dois e sim para o No-one mais poderoso de Lumiose, ninguém
sabe seu nome verdadeiro, mas ele é conhecido como Scar, o rei de
Lumiose. Dizem que ele é chamado assim por causa de uma grande
cicatriz nas costas, mas não sei, se é verdade. O fato é que com
todo o poder que ele possui, nada acontece na cidade sem ele saber.
Ele tem informação de tudo, mas elas custam muito. Eu e meu irmão
queríamos uma informação, por isso precisávamos de dinheiro.
Os
dois irmãos estavam no local conhecido como Covil de Scar, ficava
numa parte sem luz de Lumiose, mas de lá, facilmente se chegava a um
local iluminado, afinal não eram apenas os residentes das terras
sombrias que pediam informação para Scar. Os dois tinha sidos
levados para dentro por um dos guardas, onde foram conduzidos a um
escritório onde o líder se encontrava. Ele era um homem bem jovem,
loiro com olhos vermelhos como sangue, que mal podiam ser visto por
causa de seu óculos. Vestia uma camisa de botão verde e por cima
uma jaqueta preta. Estava segurando uma flor vermelha que ao ver os
dois colocou em cima de sua mesa.
— Shiro
e Kuro, que prazer revê-los. — cumprimentou Scar.
— Scar,
sem enrolação, você sabe o que nos queremos. — pediu Shiro.
— Sim,
eu sei, informações sobre a localização daquela garota loira, não
é?
— Isso
mesmo. — respondeu Kuro.
— Muito
bem eu darei a informação, mas antes meu dinheiro. — ordenou
Scar.
Shiro
abriu sua mochila e tirou todo o dinheiro que conseguiram de Komaba e
dos outros.
— Vocês
dois realmente não decepcionam. — comentou o gangster.
— Agora
as informações. — lembrou Shiro.
— Sem
pressa. — Scar gostava muito de enrolar a conversa, mas ao ver as
caras emburradas dos dois, resolveu contar logo. — Sobre a garota,
ela estava indo para Laverre. O motivo, eu não sei, mas isso já faz
uns dias, por isso se eu fosse vocês adiantaria o passo e sairia de
Lumiose o mais rápido possível. Não gostariam de perder o rastro
da garota novamente, principalmente depois de todo o trabalho que
tiverem. — Ele sorriu como se fosse superior. — Não imaginava
que vocês se meteriam numa briga com a Gangue Vermelha.
— Como
você sabe disso? Acabou de acontecer. — indagou Kuro.
— Não
se esqueça que eu sei de tudo que acontece na minha cidade. — Ele
parecia inofensivo, mas esta pequena conversa já provava para os
dois irmãos o quanto ele era assustador.
Ficaram
aliviados ao sair do Covil de Scar e com o dinheiro que sobrou
resolveram arrumar coisas para suas viagens.
— Shiro,
será que dessa vez finalmente encontraremos ela? — perguntou Kuro.
— Espero
que sim, já faz anos que nos separamos. Só não entendo o porquê
de Laverre.
— É
melhor não ficar pensando muito nisso.
— Você
tem razão.
Na
manhã seguinte os dois partiram para Laverre. Só o que eles não
sabiam era que essa decisão mudaria suas vidas.
E
mais uma vez, a direção da história muda.
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